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Os pobres reconhecem o pobrezinho

Os pobres reconhecem o pobrezinho (Lc 2, 15-20)



Solenidade do Santo Natal


O nascimento de Jesus foi todo envolvido em pobreza. Maria e José tiveram de contentarem-se com as acomodações encontradas numa gruta usada pelos pastores para proteger seus rebanhos. O recém-nascido foi acomodado num cocho onde os animais comiam. Nesta situação de total carência irrompia na história o Salvador da humanidade.


Os pastores, vítimas de marginalização e preconceito, foram os primeiros a irem ao encontro, orientados pela revelação divina, comunicada pelos anjos. Desde sua entrada neste mundo, o Filho de Deus foi um pobrezinho em meio aos pobres.

Este será um traço marcante de sua identidade e de sua missão. Nascido como pobre e entre os pobres, em momento algum Jesus se apartará desta situação original. Ele preferirá a convivência dos pobres e marginalizados, pôr-se-á ao lado deles e os defenderá, declará-los-á bem-aventurados. Enfim, reconhecer-se-á enviado para proclamar-lhes o Evangelho. Correspondendo à preferência de Jesus, serão os pobres os mais sensíveis ao anúncio do Reino, os mais disponíveis para acolhê-lo e se alegrar com a sua vinda. Por fim, o Mestre padecerá a morte dos pobres e dos marginais, num contexto de abandono semelhante ao de Belém.



Para compreender o mistério do Natal urge entrar nesta dinâmica existencial que envolveu toda a vida de Jesus. Sem despojamento, não se pode compreender o esvaziamento do Filho de Deus. É na pobreza que ele deve ser encontrado, pois só é assim que se pode contemplar o mistério divino que resplandece nele.

É importante nos dar conta que o Natal encerra um segredo que, infelizmente, escapa a muitos dos que celebras nessas datas “algo” sem saber exatamente o quê. Não conseguem suspeitar que o Natal nos fornece a chave para decifrar o mistério último de nossa existência. Os seres humanos diante do sofrimento constantemente se perguntam o

porquê do sofrimento. Por que tanta frustração? Por que a morte se nascemos para a vida? Mas Deus guardava um silêncio impenetrável. No Natal, Deus falou. Já temos uma resposta. Ele não nos falou para dizer belas palavras sobre o sofrimento. Deus não oferece palavras. “ Palavra de Deus se fez carne”. Ou seja, mais que dar-nos explicações, Deus quis sofrer em nossa própria carne nossas perguntas, sofrimentos e impotência. Deus não dá explicações sobre o sofrimento, mas sofre conosco. Não responde ao porquê de tanta dor e sofrimento, mas sofre conosco. Não responde com palavras ao mistério da existência, mas nasce para viver Ele próprio nossa aventura humana. Ora, isso muda tudo. Já não estamos perdidos em nossa imensa solidão. Não estamos submersos em puras trevas. Ele está conosco. Há uma luz. “Não somos mais solitários, mas solidários”(Leonardo Boff). O próprio Deus entra em nossa existência e, assim, torna-se possível viver com esperança. Por isso o Natal é sempre, para as pessoas de fé, um chamado a renascer. Um convite a reavivar a alegria, a esperança, a solidariedade, a fraternidade e a confiança total no Pai.

Lembremos sempre que o Deus cristão não é um deus desencarnado, longínquo e inacessível. É um Deus encarnado, próximo, vizinho. Um Deus que podemos tocar de certa maneira sempre que tocamos o humano.



Façamos nossa oração:

Querido Pai do Céu, dá-nos um coração de pobre que nos permita contemplar o nascimento de teu Filho Jesus, que viveu pobre para ser solidário com os mais pobres. Amém.


Desejo a todos um Feliz Natal e um Feliz Ano 2020 para todos os homens e mulheres de boa vontade.



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